Andei topando por aqui e acolá com memes e cards motivacionais na linha de que a pessoa valorizada faz sempre mais do que o esperado e me peguei questionando por que será que ainda nos deixamos seduzir por essa expectativa ou padrão de excelência de “fazer mais do que o esperado”.
Não tenho a ambição de trazer respostas nesse texto, mas questionamentos para a gente pensar no que isso tem a ver com coisas como burnout e insegurança psicológica, em um espírito do tempo que já mudou, mas segue enfrentando resistências absurdas por parte do status quo, da cultura do mérito, do trabalhe enquanto eles dormem e todas as derivadas que estabelecem barras altíssimas que, ao fim, nos geram mais frustrações do que qualquer outro resultado.
Os desafios da liderança
O que mais tenho feito nesse ano é falar para pessoas em posição de liderança, desde aquelas nos primeiros degraus, até os mais altos na hierarquia organizacional.
Independente do tempo de experiência e do tamanho da responsabilidade, há uma coisa em comum — dissonâncias:
👷♀️ Entre trabalho e projeto de vida.
👯 Entre os conceitos de equipe e as pessoas que a compõem.
🏆 Entre a aspiração de reputação e os impactos do comportamento.
🎭 Entre o comportamento e a cultura da organização, sendo essa produto do que nós, pessoas, fazemos com as regras escritas e não escritas.
🗣 Entre o que é dito e o que é possível fazer.
🎓 Entre o que significa o cargo e o que representa no todo de uma trajetória.
⚖ Entre o tanto que igualdade e equidade são absolutamente ignoradas na relação entre pessoas no dia a dia de trabalho.
📣 Entre o que é empatia e como ela é utilizada para instrumentar a retórica.
🎬 Entre o que é comunicação e a forma como é negligenciada na coerência entre discurso e ação.
Tem mais, mas esses já são suficientes para uma boa pausa para reflexão…
Porque o problema não é o outro, mas também cada um de nós, quando deixamos para trás conceitos como compromisso e responsabilidade com as pessoas, como se mais importante fosse bater meta.
Ninguém trabalha sozinho.
Quero dizer que fazer mais do que o esperado é a cenoura para nós, coelhos, vivermos correndo na esteira, em uma velocidade cada vez maior e sem saber por quanto tempo, o que já gera exaustão, insatisfação e níveis estatísticos preocupantes de pouca saúde mental no trabalho.